sexta-feira, outubro 15, 2010

Dia dos mortos? Estou fora. E você?


Renato Vargens
Infelizmente em nosso país, milhões de brasileiros, das classes sociais mais distintas, de todos os estados da federação, cultivam o danoso hábito de visitarem os cemitérios na expectativa de rezar ou interceder pelos seus entes falecidos.

A prática de orar pelos defuntos iniciou-se por volta do 5º século (d.c), quando a igreja passou a dedicar um dia especifico do ano para rezar pelos seus mortos. No entanto, o culto de finados somente seria instituído na França, no século X, através de um abade beneditino de nome Cluny. Um século depois, os papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigaram aos fiéis a dedicarem um dia inteiro aos mortos. Já no século XIII o dia de rezar pelos finados finalmente começou a ser celebrado em 2 de novembro. Essa data foi definida por ser um dia depois da comemoração da Festa de Todos os Santos, onde se celebrava a morte de todos que faleceram em estado de graça e que por algum motivo não foram canonizados.

Caro leitor, a Bíblia é absolutamente clara ao afirmar que após a morte só nos resta o juízo. Ensina também, que o fato de toda e qualquer decisão por Cristo só pode ser tomada em vida, o que, por conseguinte, nos leva a entender de que não existe fundamento teológico para interceder a favor dos mortos.

Para os católicos romanos a referência bíblica que fundamenta esta prática encontra-se em 2 Macabeus 12.44. Entretanto, nós protestantes, não reconhecemos a canonicidade deste livro e nem tampouco a legitimidade desta doutrina, uma vez que o Protestantismo não se submete às tradições católicas e sim as doutrinas das Sagradas Escrituras.

Segundo a interpretação protestante, a Bíblia nos diz que a salvação de uma pessoa depende única e exclusivamente da sua fé na graça salvadora que há em Cristo Jesus e que esta fé seja declarada durante sua vida na terra (Hebreus 7.24-27; Atos 4.12; 1 João 1.7-10) e que, após sua morte, a pessoa passa diretamente pelo juízo (Hebreus 9.27) e que vivos e mortos não podem comunicar-se de maneira alguma (Lucas 16.10-31).

Ora, do ponto de vista bíblico é inaceitável acreditar que os mortos estejam no purgatório ou no limbo aguardando uma segunda oportunidade para a salvação. Em hipótese alguma nós como cristãos devemos celebrar ou participar de culto aos mortos, antes pelo contrário, fomos e somos chamados a anunciar aos vivos a vida que somente podemos experimentar em Cristo Jesus.

Soli Deo gloria

Renato Vargens
Anônimo disse...

Óla pastor Renato a Paz do Senhor,olha pastor nós temos que dar assistência é aos vivos,familiares,e não só,a todos os necessitados e aflitos,tanto,fisicamente como espiritualmente,e a partir que a pessoa morre já não podemos fazer nada,é a própria pessoa que decide o seu próprio futuro,eu não oro por mortos não ponho flores etc.Isso tudo tento fazer pelos vivos.Que o SENHOR JESUS tinha misericórdia de todos nós.Xana Portugal.

Prof. Sandro Sampaio, MBA disse...

Caro Renato,

Como cristão, também não oro pelos mortos e não celebro o "seu" dia. Mas, gostaría que você soubesse que sou de uma pequena cidade interiorana de Minas Gerais, onde, na minha infãncia e adolescência era comum a evangélicos, mormente presbiterianos e batistas tradicionais, "comemorarem" o dia de finados, não com orações, mas com visitas ao cemitério, enfeite de túmulos, etc.

Só ouvi as primeiras críticas a esta prática, após sair de minha cidade para estudar em um seminário em outra localidade.

Estou a lhe contar isto, porque muitas pessoas evangélicas, embora não orem pelos mortos, costumam "homenageá-los" de alguma forma no dia de finados.

Estranho? Incrível? Errado? Não sei, mas de fato, real.

Rev. Evaldo Beranger disse...

Caro Renato.
Muito bom o seu artigo. Parabéns.
Ele é esclarecedor e muito bem fundamentado.
Gostaria apenas de fazer uma pequena contribuição para que seu artigo dê a informação completa.
O instituidor do "Dia de Finados"foi o monge beneditino Hildebrando que foi Abade do Mosteiro de "Cluny", uma localidade francesa. O mosteiro de Cluny adotou uma postura ética tão revolucionária para uma época de imoralidades do clero secular que deu origem a um movimento chamado "Reforma Clunyance" e levou Hildebrando a se tornar papa como Gregório VII. Gregório empreendeu uma duradoura na igreja, estabelecendo o Calendário Gregoriano, o canto Gregoriano e a instituição de Celibato. Dentre as "reformas moralizadoras" a instituição do dia de Finados tinha a intenção de honrar os mortos para conseguir a "proteção" deles. Espero ter ajudado. Parabéns pelos artigos e pelo Blog! do amigo
Rev. Evaldo Beranger

renato vargens disse...

Prezado Evaldo,

Muito obrigado pela contribuição, foi de grande valia.

Abraços,

Renato Vargens

Porreca disse...

Concordo que orar ou rezar pelo morto não tem eficácia alguma. Não é necessarimente errado, mas é inútil.

Porém, o dia de finados pode ser encarado como o dia em que se lembra e se reverencia os queridos que já foram. Não há nada de errado em visitar o túmulo, fazer sua oração de agradecimento pelo que aquela pessoa representou e refletir sobre a importância daquela pessoa. Isso não necessita de um dia especial, mas por convenção acaba-se fazendo em 2 de novembro. Talvez por facilidade e por já ser feriado. Mas é importante lembrar que os evangélicos reverenciam os mortos o tempo todo e de diversas maneiras tbm.

De qquer forma, deve-se fazer essa separação, acredito eu.

abraços

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