quinta-feira, dezembro 26, 2013

O menino invisível

Por Renato Vargens

Segunda-feira, 23 de dezembro, antevéspera de Natal, eu, minha esposa juntamente com os meus filhos fazíamos as compras finais para a Ceia de Natal em um supermercado no Rio de Janeiro. Num determinado momento enquanto eles arrumavam as compras no carro, pedi licença e saí para tomar um café. Ao chegar a um quiosque imediatamente percebi um menino de aproximadamente 8 anos que olhava fixamente  a bancada de salgados. 

O pequenino, com fome, dizia com os olhos que tinha vontade de comer uma daquelas guloseimas, no entanto, apesar da grande quantidade de fregueses, ninguém estava disposto a lhe dar alguma coisa para comer. Pelo contrário, todos estavam preocupados consigo mesmos, com suas necessidades, falando daquilo que haviam comprado, da ceia que desfrutariam, da alegria de rever parentes queridos e outras coisas mais.  

Caro leitor, diante desse cenário de insensibilidade e egoísmo exacerbado, a impressão que tive, era que o menino por alguma razão estava invisível aos olhos dos transeuntes.

Isto posto, resolvi me aproximar do garoto dizendo:  Olá, tudo bem? Ele, com os olhos FIXOS no salgado, balançou a cabeça dizendo que sim. Novamente, dirigi-me a ele perguntando: Tá com fome? Naquele momento, ele olhou para mim respondendo, sim. Pela terceira vez, reportei-me a ele falando: Quer um salgado? Ele abriu um sorriso e disse: Sim eu quero!

Ao ouvir a sua resposta  comprei o salgado e entreguei ao menino que alegremente sorriu dizendo: Obrigado!

Saí dali pensativo,  reflexivo e angustiado pelo fato de que nós homens possuímos a enorme capacidade de fazer de meninos seres invisíveis.


Renato Vargens

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