quinta-feira, setembro 16, 2010

Moça, negro pode morar em apartamento?

Por Renato Vargens

Foi exatamente isto que um menino de aproximadamente oito anos perguntou a minha esposa ao abordá-la na saída do prédio em que moramos.

Naquela tarde, ao olhar para o pequenino e perceber as marcas da dor , do preconceito racial e da exclusão social, minha esposa, movida pela simpatia e doçura que lhe é peculiar respondeu:

- Claro que sim, todos podem. Mas para tanto, disse ela, é necessário ir à escola, estudar, além de se dedicar a aprender os ensinamentos da professora.

O menino, demonstrando perplexidade diante daquilo que ouvira novamente lhe indagou:

-Moça, você é professora? Sou sim, respondeu ela. Ao ouvir-lhe a réplica, o garoto, o qual parecia nunca ter ido à escola, demonstrou nítida perplexidade por conversar tête-à-tête com uma educadora, até porque, para ele, aquele momento era mais do que mágico, afinal de contas, ele estava conversando com uma professora .

Caro leitor, diante do fato narrado fico a pensar quantas crianças têm passado pela vida literalmente à margem da sociedade. Quantas delas são estigmatizadas, violentadas em seu habitat, marginalizadas por uma burguesia preconceituosa, discriminadas pela sua cor. Quantas delas não possuem familias, casas para morar, pais e mães, beijos, carinhos e abraços. Ora, é indispensável que entendamos que não dá para a gente pensar em um mundo melhor, sem que nossas crianças freqüentem a escola. É inadmissível que em pleno século XXI, meninos e meninas continuem deixando de desfrutar dos benefícios proporcionados pela a educação e cultura.

A educação se constitui como direito fundamental e essencial ao ser humano, e diversos são os documentos que corroboram com tal afirmação. A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, afirma que “é direito de todo ser humano o acesso à educação básica”, assim como a Declaração Universal dos Direitos Humanos que estabelece que “toda pessoa tem direito à educação”.

De acordo com pesquisas realizadas pela UNESCO, constatou-se que milhões de pessoas ainda não têm acesso à educação, onde “ mais de 100 milhões de crianças, das quais 60 milhões são meninas, não tem acesso ao ensino fundamental.

Diante do quadro que se pinta pergunto: E a igreja Evangélica diante disso tudo? O que tem feito? Por acaso você já parou para pensar o "boom" que seria se nossas igrejas entrassem para valer em um projeto de erradicação do analfabetismo? Ou se tornassem parceiras do Estado e do restante da sociedade civil visando aumento de escolaridade de nossos meninos e meninas?

Quanto coisa poderia ser feita não é verdade?

Pense nisso!

Renato Vargens
Ricardo Kropf disse...

Oportuna a reflexão, pastor. Nesta linha, convido-o a ler e, se apetecer-lhe, comentar as seguintes postagens:

http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2010/09/o-cristao-e-politica-iii-formacao-dos.html

http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2010/07/o-resultado-do-enem-2009-e-evasao-da.html

Graça e Paz!

Adriano Coutinho disse...

Paz!
Infeliz verdade!!! é hora de sairmos dos nossos "belos" templos...é hora da "igreja" sair das quatro paredes!

Unknown disse...

Infelizmente nossas Igrejas " Evangélicas" assitem a tudo isso e nada fazem, ou melhor fazem sim, constroem templos faraonicos onde se emprega milhoes de dolares enquanto a sociedade carente perece a mercê dos "favores" politicos.
Tá na hora de dar um basta nisso!!
Hora da igreja ser igreja e agir no social, construir casas para os que nao tem onde morar, educar com qualidade, cuidar da saude com qualidade etc...
Bem.. dinheiro para isso tudo a "instiuição" igreja tem, o que falta para fazer acontecer??

Paz de Cristo!

Claudia Cabral disse...

Bem oportuno o teu texto e a tua proposta Pastor Renato. Tenho me entristecido com uma igreja que gasta o seu tempo se degladiando internamente, são tantas "estrelas" evangélicas, tantos egos inflados.... Enquanto isso o mundo se perde, enquanto isso há tanto a fazer.
A alegria pela nossa omissão só pode ser do inferno, que deve estar em festa com o nosso foco perdido.
Que despertemos para esta triste realidade e que corramos para a ação. Tenho certeza que é isso que Deus quer.
A Ele toda Honra e Glória. Só a Ele.
Parabéns pelo texto.
Um abraço.

Jonis disse...

A Paz do Senhor.

O engraçado é que as igrejas de Je$u$ nada fazem para alterar esse quadro.
Igrejas sérias e comprometidas com o Reino atuam, discretamente, para que essa situação se reverta.
Mas, poderíamos fazer mais.

Elaine Martins (laine) disse...

Olá amados!

Para mim, educação é a base para o desenvolvimento sustentável de qualquer sociedade. Somente por meio da educação é possível obter conhecimento, e por meio do conhecimento possibilidade de escolhas.

Contudo, como cristãos, antes de pensarmos em alfabetizar as crianças, precisamos pensar em salvá-las da condenação eterna. Antes de partirmos para as obras, precisamos considerar a pregação do evangelho.

Voltei há alguns meses da África, onde fiz um trabalho social e posso dizer que é perfeitamente possível conciliar a pregação do evangelho e fazer obras, como a oferta de educação, por exemplo.

Amados, em suma, o que quero alertá-los aqui é apenas para que não se esqueçam do nosso dever de ir ao mundo e pregar o evangelho a toda criatura. Como está escrito em Tiago, a fé sem obras é morta, mas antes das obras, precisamos exercitar nossa fé.

Que a paz esteja com todos vocês!

Anônimo disse...

Eu passei por situação parecida na minha infância, não tão extrema, mas...
O fato é que Deus me permitiu viver rodeado de pessoas extremamente inteligentes, até os dias de hoje, e com isso aprendi coisas básicas de valor elevadíssimo como por exemplo, orar.
Creio que no momento da oração o 'homem' apresenta a Deus todo seu interior, seu íntimo e alguns falam: "Deus, olha aquela criança sem teto, sem alimento, sem escola" Já outros perguntam: "Deus, de que forma eu posso agir para mudar essa história?"
O problema é que tem muita gente dentro dos templos "inchando" de tanto "comer a Palavra", acomodado com seu conforto e "proteção" pastoral, que não consegue se mover para ajudar quem está do seu lado.

Com sua permissão pastor, quero fazer um apelo aos seus leitores. Dedique uma hora pelo menos de sua semana à ensinar algo para uma criança ou organize um grupo para fazer brincadeiras estimule-os a serem bondosos uns com os outros, os frutos serão doces e enormes. Com certeza!

Anônimo disse...

Caro Renato Vargens,

Olha, uma postagem para nos deixar inquietos como igreja em um mundo tão confuso! Que Deus continue abençoando a sua vida!

Um forte abraço,
Marcos Sampaio

PS. Quero aproveitar para externar a minha concordância ao artigo publicado em seu blog sobre "A Versão Gospel da Dança do Créu". Fiz um breve comentário sobre o seu artigo em meu blog pessoal;
http://ideiasprotestantes.blogspot.com/2010/09/versao-gospel-da-danca-do-creu-minha.html

augusto elias disse...

A situação do menino do texto é reflexo de uma admissão do tratamento desigual sofrido por pessoas ligadas a ele,nós não aceitamos isso como filhos de Deus.Tendo em vista o alcance da Carta Magna,o Estado,que por sua vez, também tem OBRIGAÇÕES E DEVERES para com os que estão em desvantagens no âmbito socia,infelizmente "peca" na quetão da omissão em todas as áres.Admite-se o tratamento desigual de pessoas que se encontram em situações diferentes,buscando-se,com isso,superar a igualdade meramente formal(perante a lei)e alcançar a materia(real)e,com isso,a realização da efetiva justiça,mas não há.Aí é que estão os buracos negros no cumprimento dos três Poderes para com o Brasil,não praticam,não há o poder depolícia,digo isto a polícia administrativa e não a da força de apoio.É agora que nós, evangélicos, no compromisso com a verdade, romper as dificuldades,e,através da força que temos,trabalhar árduamente,nas áres de omissão por parte do Legislativo,Judiciário e Executivo no que diz respeito a educação,saúde,na formação do indivíduo de um modo geral etc.Precisamos adentrar,ir aos necessitados, daquilo que o governo não os oferece.Precisamos de esforços e união do nosso povo que queira trabalhar.
E não adiante fazer nada sem a base bíblica.A Palavra de Deus nos ensina amar."HOMENS E MULHERES SÃO IGUAIS EM DIREITOS E OBRIGAÇÕES"(art.5º,XLII CF.Como foi dito no texto acima,é assegurado pela nossa Carta,em suas diversas mudanças, o direito a educação.Tenho plena convicção que nós,da igreja de Jesus,temos forças para mudar,agora é preciso "querer".Ouvi uma coisa muito interessante,hoje,no culto,onde foi falado sobre a omissão dos evangélicos.Poxa,Jesus se tornou amigo do pecador para levar a palavra de Deus.Nós,ficamos distantes e usamos de subterfúgio que não podemos ficar nas rodas dos encarnecedores.Como iremos chegar a eles?Existe uma diferença de vivenciar o que eles falam e ir até eles sendo sal no meio deles.A igreja pode e muito ajudar na questão social do nosso País sim!

Marcia Nascimento disse...

Graça e Paz!
È verdade...quantos professores aposentados por exemplo nós temos, quantos jovens iniciando a carreira da educação e precisando de uma oportunidade.
Quantas vidas mudariam se não fosse nossa omissão. Em minha opinião as igrejas que têm dependências que ficam fechadas a semana toda, constituem-se num desperdício...
Toda igreja deveria ter ou apoiar no mínimo uma escola de educação infantil e fundamental.

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